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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Chapada Diamantina - Janeiro de 2015

Textos e fotos de Cefas Siqueira


A Chapada Diamantina, localizada no meio oeste da Bahia, é uma das maiores do Brasil. Lá, percebemos o quanto somos pequenos diante da grandiosidade das formações rochosas e dos vales, percebidos das regiões mais altas. Penso que em lugares como a Chapada podemos compreender nosso real lugar no mundo ao mesmo tempo em que recarregamos nossas baterias (os mais zens podem ir tirando o cavalinho da chuva que meu grau de maluquice não passa disso, uma breve pausa na pauleira e incorreção política, social e universal!).

A Chapada é espetacular com suas cachoeiras, cânions, matas e com as trilhas mais punks desse país.

Ribeirão do Meio - Lençóis

A viagem de Brasília até Lençóis, uma das cidades da Chapada, é bastante estressante, apesar de nem ser tão longa. Fui de carro e as estradas do percurso estão quase sempre em bom estado de conservação. O problema é a quantidade de veículos em trânsito, os muitos motoristas irresponsáveis e, especialmente, a quantidade de caminhões com carrocerias duplas (veículos de longos, com até 26 metros de comprimento) que dificultam absurdamente as ultrapassagens e colocam em risco a segurança dos demais. Além disso, faltam áreas de ultrapassagens (duplicadas) em pontos específicos da estrada que pudessem facilitar as coisas. Estas áreas de ultrapassagem só são encontradas em alguns trechos de subida íngreme no estado da Bahia.

Com relação aos motoristas irresponsáveis, creio que a instalação de câmeras de fiscalização e a ação da Polícia Rodoviária Federal poderiam reduzir as barbaridades a níveis mais toleráveis. Em 1.150km de viagem não vi nem uma viatura da PRF na estrada. Um absurdo? Onde está esta gente? As câmeras de observação do trânsito já estão instaladas em alguns trechos da estrada no estado de Goiás, mas não vi nenhuma no estado da Bahia.
Demorei 14 horas e para ir e o mesmo tempo para voltar sem parar para almoço, apenas lanchando dentro do carro e me exercitando (alongamentos e breves caminhadas) nas paradas para abastecimento. Foi muito cansativo, mas valeu a pena.


Lençóis vista do alto do rio Serrano

Fiquei hospedado em Lençóis, que estava tomada de gente que tinha ido participar da festa Sonar. Muito bicho grilo e maconha pela cidade. Preços nas alturas e restaurantes, alguns muito bons, cheios. Se tivesse que recomendar um bom restaurante na cidade seria o Artistas da Massa. Excelente comida italiana.
Fiz caminhadas nas trilhas do Ribeirão do Meio, Sossego, Capivari, Mucugezinho e Serrano (Primavera). São cachoeiras, poços e corredeiras das melhores do Brasil. Não são trilhas para iniciantes, pois quase todas exigem níveis elevados de esforços. A galera da terceira idade deve avaliar bem as condições de saúde antes de se aventurar em qualquer uma delas.

Salão de Areia - rio Serrano (Lençóis)


O que me irritou um bocado é que os turistas que querem conhecer as belezas da região ficam à mercê dos guias da cidade. Aliás, todo mundo lá se diz guia. Se você não quer se aventurar e se arriscar a se perder nas trilhas terá que contratar um guia, a preços absurdos. Durante minha estada a diária de um guia variava entre R$ 80,00 e R$ 150,00 por pessoa. A quase obrigação de contratar o guia é por causa da inexistência de sinalização nas trilhas, coisa que a administração do Parque Nacional da Chapada Diamantina pode resolver. Sem sinalização as caminhadas por conta própria ficam quase impossíveis e o risco de insegurança chega aos limites máximos. É quase impossível chegar aos destinos pretendidos, pois quase todos ficam distantes da cidade. 
E o risco de o turista ficar perdido no mato é grande. Penso que a sinalização das trilhas é uma atividade urgente a ser implantada. Quem quiser (e muitos hão de querer) ir com guias que os contrate, mas quem não quiser deve ter o direito e a garantia de um passeio seguro por sua própria conta.

Rio Serrano - Lençóis

O hotel em que fiquei hospedado era razoável, com um farto café da manhã e preços absurdos no restaurante (tanto a comida como as bebidas). 
O que mais me encanta nesta região são as orquídeas. Como orquidófilo posso afirmar, sem medo de estar sendo leviano, que não conheço até hoje nenhum outro lugar no mundo com jardins naturais de orquídeas tão espetaculares quanto lá. Região de diversidade reduzida em gêneros e espécies, mas com maciços de espécies impressionantes, com ambientes repletos de elongatas, sobrálias, laelias e pleurothalis. Extasiante! Mesmo quando as plantas não estão floridas é um bálsamo para a alma dos amantes dessas plantas. Quem tem interesse e ainda não conhece, recomendo uma visita urgente. Uns cinco dias são suficientes para percorrer alguns desses ambientes.

Jardim de Sobrálias - Mucugezinho