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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Curitiba - PR




Texto e fotos de Cefas Siqueira



Curitiba é uma cidade charmosa e acolhedora. É um lugar onde se deve ir para comer das melhores comidas do país e beber excelentes cervejas artesanais.

O urbanismo e a mobilidade urbana que existe por lá não se encontra em nenhuma outra cidade brasileira.

É possível percorrer a cidade de um lado a outro usando o sistema de transporte público. Ônibus limpos e pontuais permitem deslocamentos seguros aos destinos pretendidos seja em que parte for da metrópole. Andei em diversas linhas de ônibus e todos tinham sempre a mesma qualidade. Imagino que para os curitibanos isso seja motivo ganho em qualidade de vida e para nós turistas motivo de muita inveja. Inveja de políticas públicas decentes que se transformam em benefícios sociais.

Outro detalhe que chama atenção na cidade é a limpeza. Pode-se andar quilômetros e está tudo arrumado e bem cuidado.

Curitiba é a única cidade brasileira que conheço que tem padrões de urbanidade das melhores cidades do mundo. Eita inveja!

A comida local, tanto a comida típica quanto a comida dos restaurantes internacionais ou dos restaurantes contemporâneos, é da melhor qualidade. O barreado, prato à base de carne cozida até quase desmanchar, banana e farofa, é o carro-chefe de toda cozinha paranaense e em Curitiba pode ser apreciado em diversos restaurantes.

Sem querer desmerecer todos os bons restaurantes que frequento quando vou lá, e se tivesse que recomendar um único deles na cidade, recomendaria o Zea Maiz. Comandado pela Chef Joy, a comida é duca!

As cervejas artesanais do Paraná, quase todas encontradas nos empórios especializados e em bares da cidade, são das melhores produzidas hoje no Brasil. Dentre todos os bons fabricantes cito a Bierhoff, a Dum, a Morada e a Bodebrown. Pode beber que não tem susto.

Nesta última visita à cidade resolvi fazer um passeio daqueles bem turisticões mesmo: desci a Serra do Mar de trem até Morretes. Passeio de um dia, com parada para almoço em Morretes. Vale a pena.


Descida da Serra do Mar

No almoço comemos um delicioso barreado em Morretes.

A cidade de Morretes é um charme só. Os restaurantes turísticos ficam às margens do rio. Uma belezura!


Morretes - PR


De Morretes fomos para Antonina, também muito charmosa. De lá voltamos para Curitiba no final do dia pela antiga estrada da Graciosa, que tem piso de pedra na maior parte do trajeto.

Quem quiser passar um fim de semana gostoso vá a Curitiba.

Beijos,


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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Viagem à Ásia 2014 - Parte 3



02/10/2014

Delhi - Índia

De passagem por Delhi, a caminho de Leh, pudemos fazer um pequeno tour e escolhemos conhecer o principal templo Sikh da cidade. Belíssimo.

Depois fomos ao templo do Lótus, um dos maiores templos Ba'Hai do mundo. Muito bonito também.

Para terminar fomos a uma disneylândia Hindi, um novo templo Hindu erguido pelos seguidores do Guru SwamiNarayan. Um exemplo de ostentação e propaganda dos feitos do guru, com direito a teatro de bonecos animados, show de fonte luminosa, barquinhos em lago artificial e um templo magnífico, contruído com o dinheiro dos seguidores, em apenas 5 anos. O templo é todo em pedra vermelha do Rajastão e mármore carrara, da Itália. Uma coisa Bollywoodiana! E ainda tem-se que pagar para entrar lá.


Leh - Ladakh - Índia

Agora Leh, capital de Ladakh, uma região que faz parte do estado indiano Jammu-Kashmir, no norte do país, fronteira com o Tibet, Afeganistão e Paquistão. Risco de conflito total. Outra forma de descrever aquilo lá é que parece a capital de um outro fim do mundo bem diferente de Ushuaia, na Argentina.

Mas é belíssima a paisagem. São montanhas da Cordilheira do Himalaia, e muitas delas nevadas no topo. É um destino especial para trekking, mas só para especialistas. Nada de amadorismo aqui. Ainda bem que não vim para isso.

Montanhas Nevadas - Leh


Leh é fortememente vigiada pelos militares indianos por causa dos conflitos de fronteira. Tem base aérea com aqueles aviões imensos tipo búfalo, que é para despejar a milicada nas montanhas, única maneira de ter acesso a elas.

Nossa chegada em Leh foi pitoresca. Deveria ter um guia no aeroporto, mas não encontramos ninguém. E quase ninguém também falava o inglês por lá. Tinha lá uma mesinha com um cara sentado num tamborete e em cima escrito "check-inn for foreigners". Entreguei meu passaporte e o cara quando viu de onde era começou a solfejar "Aquarela do Brasil". Acreditam? Nem eu.

Foi esse cara que nos socorreu, mais ou menos, para conseguirmos um taxi que nos levasse ao hotel. Mostrei a ele nossos papéis, ele chamou um taxi, negociou e nos disse o preço e mandou que o cara nos levasse até lá. Entramos num carrinho quadrado e minúsculo e o cara foi dirigindo, e saindo da cidade conosco. Chegamos enfim num lugar com tendas infladas, que mais parecia um acampamento escoteiro, cheio de malucos. O lugar era um muquifo, deu vontade de chorar, mas ria imaginando o que pensava o Zeca.

Veio de lá de dentro alguém que arranhava o inglês e eu perguntei se ali era ali mesmo. E o cara disse que sim. Comecei a tentar me conformar com a roubada em que havíamos nos metido. Daqui a pouco entra o Zeca e diz que havia perguntado para uma gringa malucona se aquele era o hotel Shangrilá e que ela tinha dito que não. Chamei o cara que me recebeu e perguntei novamente se aquele era o Hotel Shangrilá, ao que ele me respondeu que não. Então pedi a ele que telefonasse para o numero que tínhamos em nosso voucher para que alguém viesse nos resgatar dali. Ele foi extremamente gentil, nos serviu chá e omelete, e finalmente disse que alguém estava a caminho. Ufa! O hotel que ficamos depois parece um 10 estrelas, apesar de só ter umas 2, perto daquele primeiro. Mas o cara de lá foi generoso e ganhou algumas estrelas no karma bom dele.

A internet em Leh não funcionava, por isso fiquei sem contato com o nosso mundo pelo tempo que lá estive.

Mais mosteiros budistas e a visão espetacular de um deserto com água. 

De Leh partimos para um vale chamado Nubra. A ideia era que dormíssemos em tendas ao tempo, mas recusamos porque fazia um frio lascado. Foi a decisão mais acertada.

No caminho para o vale estivemos no lugar mais alto e mais frio em que já estive até hoje, a passagem de Khardungla. 5.603 metro acima do nível do mar. Eles dizem que é a mais alta estrada de rodagem do mundo. Estou acreditando. A passagem está rodeada de montanhas geladas. Impressionante!

O vale do Nubra também é espetacular, mas não precisava fazer tanto frio. Fica bem próximo da fronteira com o Paquistão. É um vale com dunas de areia e montanhas por todo lado. Já falei que faz frio pra capeta? Fazia tanto frio que às vezes pensava que meus ossos iam se partir. Pra piorar, o hotel em que estávamos só tinha comida vegetariana e ainda estressei com o Zeca. Tava indo bem demais...
Vale do Nubra - vila de Hunder
         
Vale do Nubra - Ladakh - Índia

No Nubra também tem camelos para montar, como em Genipabu-RN, com a diferença que lá eles são nativos.

O hotel em que estive hospedado era vegetariano, e acho que depois desta experiência nunca serei vegetariano, não de carteirinha. Como faz falta um pedaço de carne! Se demorássemos muito acabaria mordendo meus próprios dedos durante a refeição. Preciso de carne!

As caminhadas foram legais, mas antes tínhamos que pagar pedágio indo a algum mosteiro com algo maior ou melhor que todos os outros. Quem será que nos ensinou isso?

Ficamos 3 dias completamente ausentes do mundo, sem internet ou celular. Foi quase um reaprendizado de como sobreviver à falta destas modernidades.

O que aprendi até agora sobre os mosteiros e templos budistas é que eles sempre precisavam ser construídos nos lugares mais inóspitos como topos ou encostas de montanhas. Caraca, como os caras gostam de sofrer! Mas acho que isso ainda é melhor que não ter o que comer. Talvez por isso eles, os buditas, tenham alcançado, no passado, números tão elevados de monges em cada mosteiro. Hoje as coisas estão mudando e já não há tantos monges assim.

A história do karma vai ficando um pouco mais clara e cada vez me convenço mais de que ele é muito parecido com o nosso bom e velho pecado. Se você faz isso bem, ganha ponto no karma positivo, se faz mal, é descontado. Tudo na base da coerção.

Aos espíritos elevados tudo é permitido e encarado como exemplo. Para a gente comum a mesma coisa pode significar a danação. Exemplo disso é o sexo: para Budha é elevação, mas os simples mortais devem encará-lo apenas como necessidade reprodutiva. O Prazer máximo fica restrito às deidades.

E assim vamos aprendendo um pouco mais sobre as religiões e gostando cada vez menos delas.

Voltamos de Hunder para Leh e continuamos a peregrinação. Em Leh a internet ainda estava na base da Lan house. Isso porque eles dependem do bom funcionamento das comunicações com e em Srinagar, a capital do Estado. Como Srinagar está embaixo d'água por causa das enchentes provocadas pelas monsões, nada está funcionando. Quando você encontra algum lugar com internet ativa o acesso é caro e lento.

Resolvi separar os quartos com o Zeca e só assim pude ter minha primeira noite de sono verdadeiro. Ele ficou puto comigo, mas não aguentava mais o desconforto de não dormir direito. Tomei uma decisão: nunca mais, a não ser em casos muito especiais, viajo com alguém para dormir no mesmo quarto.


Uletopo - Ladakh - Índia

Estivemos num lugar espetacular chamado Moonland. No alto das montanhas existem formações rochosas de argila que lembram muito com as da Capadócia, na Turquia. A diferença é que as daqui são inalcançáveis, por estarem nas encostas das montanhas. Alguns pedaços dessas rochas lembram palácios. O lugar onde ficamos hospedados para ir nesta maravilha se chama Uletopo, e o hotel foi o mais legal de toda a viagem. Um resort simples e confortável, com cabanas ao lado do despenhadeiro que leva ao rio Indus.

Mooland - Uletopo


Fim de viagem, já estou em Deli, esperando o bonde pra voltar pra casa. Um bagaço e ainda vou trabalhar no domingo.

É fazer uma massagem no hotel e descansar para a viagem de volta.

Até a próxima.


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Viagem à Ásia 2014 - Parte 2

23/09/2014                                                    
Textos e fotos de Cefas Siqueira

Coisas que esqueci:
Já disse que no Butão eles veneram o caralho? É isso mesmo, sem meios termos. Ontem fomos ao templo de phalus, ou templo do "no dogs", chamado assim porque um demônio estava possuindo um cachorro.

Pra chegar no tal templo tivemos que caminhar por uma hora no meio de um arrozal sem fim. É claro que o Zeca resolveu ir de sandálias e não deu certo. Teve que fazer quase todo o percurso descalço e debaixo de chuva. Foi uma lama só.

Outra coisa que esqueci foi a tara dos tibetanos pela cevada. Ela é a base da alimentação deles. Uma das principais oferendas para Buda é a cerveja local. Experimentei e era horrível!

Fui parado diversas vezes na rua no Tibet para me dizerem que eu parecia um deles. Quando eu mostrava os olhinhos azuis eles diziam que mesmo assim eu me parecia com eles. Nosso guia me disse que era por causa do chapéu. Todos eles, homens e mulheres usam regularmente o chapéu, por causa do calor do sol, quando tem sol.



Voltando ao Butão, hoje fomos ao Tiger's Nest, um dos mais sagrados templos daqui. Fica a 3.200 metros de altitude, numa caminhada difícil. Foi massa, mas minhas pernas ficaram acabadas. Demoramos 1h50' na ida, e fiz o percurso de volta em 1h23', sozinho. Foi neste Mosteiro que o Kung Fu Panda fez seu aprendizado.


A primeira parte do trajeto poderia ter sido ser feito a cavalo e foi o que fez o Zeca. E é claro que o Zeca caiu do cavalo. Tsc! Tsc!


Tiger Nest - Paro - Butão

Amanhã partimos para a Índia. Depois mando mais notícias.

Viagem à Ásia 2014 - Parte 1



22/09/2014

                                                                                       Textos e fotos de Cefas Siqueira

Prometi a mim mesmo que desta vez não iria escrever sobre a viagem, muito menos enviar a vocês por email. Mas se não escrevo, logo, logo, terei esquecido tudo. Além do que eu juro que alguns já mandaram emails perguntando pelos relatos.

Então vamos lá:

Já estou fora de casa há 2 semanas e estou saindo agora da cidade de Punakha, no Butão, em direção a Paro, no mesmo país.

Tudo começou com uma confusão bizarra ainda no aeroporto de Brasília. Meus bilhetes foram comprados com a Qatar Airways, mas o trecho Brasília/São Paulo seria com a Tam. Cheguei ao aeroporto com bastante antecedência e fui direto ao check-in da Tam, onde fui informado que o voo contante do bilhete não existia e que deveria procurar a Gol. Fui até o balcão da Gol e me disseram que aquele numero de voo pertencia à Tam, e eles que resolvessem. Voltei à Tam e pedi logo para falar com o/a gerente. Expliquei a situação à Senhora e esperei uns 15 minutos até ser chamado novamente. Quando me chamaram fui informado que seria embarcado num voo que estava saindo naquele momento. Chegando em SP fui direto para o check inn da Qatar onde relatei o ocorrido. Nem o pessoal daquela companhia entendeu como a Tam me embarcou em Brasília, já que o acordo interno deles é com a Gol. Mistério! O bom é que cheguei a tempo em SP e pude continuar a viagem. Depois de 22 horas de voo, com conexão em Doha, no Qatar, cheguei a Katmandu, no Nepal. Logo depois chegou meu parceiro de viagem, o Zeca (nome fictício para evitar processos), de Porto Alegre.


Katmandu - Nepal

Katmandu bem podia estar na Índia, de tão parecida que é com as cidades daquele país. É extremamente poluída e suja. Parece que eles tem 2 alternativas de poluição: ou poeira ou lama. A pobreza também chama a atenção da gente, por ser gritante. O país não tem muita opção de trabalho e qualquer coisa vira ocupação para a população. A quantidade de gente tentando imigrar para qualquer lugar que ofereça trabalho é grande e pudemos perceber isso nos postos de imigração.


Estivemos na cidade antiga, Bakthapur, onde a arquitetura e os hábitos medievais estão bem preservados.


Bakthapur - Nepal


Fomos levados para ver o rio sagrado deles, o Bagmati, e lá pudemos ver vários cadáveres sendo cremados. As diferenças culturais às vezes nos deixam angustiados com o que vemos em outros países, mas a serenidade com que os locais encaram este ritual demonstra a importância e a naturalidade do que nos parece bizarro.

A cidade não tem muito a oferecer ao turista, além de ser a entrada para o turismo de escalada, que é bem forte por aqui, devido a proximidade com as grandes montanhas nevas, como o Kaylash e o Everest.

Em Katmandu fomos informados que havia ocorrido um deslizamento de terra próximo à fronteira com o Tibet, e que teríamos 2 opções na volta para lá: ou gastaríamos mais $250 e viríamos de helicóptero direto da fronteira para Katmandu ou contrataríamos carregadores, que levariam nossas bagagens até depois do deslizamento, depois de 2 horas e meia de caminhada.

Deixamos Katmandu decididos que voltaríamos de helicóptero.

Fomos informados também que teríamos alterações na parte indiana do roteiro, pois não havia condições de irmos à Srinagar, a capital da Cachemira. Isto por causa das monsões, que deixaram a cidade sob as águas. Teremos mudanças, a saber...

De Katmandu seguimos para o Tibet.


Tibet

O Tibet é uma grande surpresa. O dinheiro aplicado pelos chineses no país transformou sua economia e fisionomia, mas não alterou, ainda, sua cultura e religião.

Lhasa, a capital, tem um aspecto moderno na arquitetura e comércio, mas preservou a cidade antiga, onde hoje funciona o comércio tradicional.

É na cidade antiga também onde está o principal templo religioso deles, o Jocam. Budista, é claro.

O comércio tradicional é variado e divertido, bem ao estilo chinês. Tudo muito colorido e ao gosto brasileiro do $1,99.

No dia seguinte à nossa chegada fomos surpreendidos com o sumiço do nosso guia. O cara simplesmente não apareceu no hotel, e nem deu notícia. Saímos por nossa conta pela cidade e fomos resgatados pela agência de turismo no período da tarde.

O povo respira a religião budista aqui. Alguns costumes chamam mais a atenção dos ocidentais. Eles costumam dar 3 voltas em torno do Jocan (Jockang) Temple, e isto durante todo o dia. São centenas de pessoas, vestidas à moda tradicional, numa procissão incessante.


Mulher tibetana com Wheel prayer


Outro costume deles, e isto é geral, é andar girando o que eles chamam de roda de oração, ou wheel prayer, uma coisa que parece um bilboquê, mas que gira a bola, enquanto oram para os inumeráveis Budas e demais protetores.

A comida não é mesmo agradável e tenho tido algumas dificuldades. É tudo azedo, e no Tibet eles não comem animais pequenos, por acreditar que isto gera males cármicos. Então, nada de galinha, coelhos e etc. As únicas carnes que eles comem são a de yaki, aquele gado das altitudes, e cabrito. Tenho me virado no segundo.

Em Lhasa estivemos também no Potala Palace, onde residia o Dalai Lama antes de partir para o exílio em 1959. Até hoje os tibetanos aguardam a volta do mestre para retomarem o poder. A China parece não ter conseguido abafar este desejo do povo.

De Lhasa seguimos para a cidade de Gigatsé e no caminho paramos em mais uma porção de templos budistas. Neste trecho da estrada estivemos em altas altitudes, mais de 5.000m. Muito cansativo.

Conhecemos também a cidade antiga de Sakya, onde é praticado outra linha do Budismo, a do chapéu branco. Em Lhasa e na maioria do Tibet é praticada a linha do chapéu amarelo, que é comandada pelo Dalai Lama.

Pernoitamos em Shigatsé e saímos no dia seguinte, de madrugada, em direção à fronteira com o Nepal.

Era nossa esperança visualizar o Monte Everest naquela manhã, mesmo à distância, mas nada feito. O tempo estava muito nublado. Neste dia chegamos a altitude de 5.300m. Muito difícil resprirar e muito frito também.

Durante a travessia do país percebemos que a China é onipresente aqui e exerce forte pressão sobre a população. O povo parece estar num momento de transição entre a tradição e a modernidade. É possível perceber na juvente muitos traços de mudança, notadamente no vestuário, por exemplo. Grande parte dos jovens já se vestem à maneira ocidental.

Aqui eles ainda fazem o controle de velocidade nas estradas à moda antiga. Tão antiga que eu nunca tinha visto isto no Brasil. É assim: o motorista recebe um boleto no início da viagem e vai parando durante o percursso em check points (speed controls) onde vão sendo anotados a quilometragem e a duração de cada trecho, como num rallye de regularidade. Ao final o guarda divide o tempo pela quilometragem e julga se o motorista cumpriu com a velocidade máxima da estrada.

Já ouviram falar em estrada perigosa? Acho que não. Nada se compara a isso aqui. 

Chegamos à fronteira do Tibet com o Nepal às 11h30. Depois de fazermos a imigração e atravessar uma ponte estávamos em território nepalês, e com 2 horas menos no relógio.

O guia nepalês que nos esperava acabou com nossas esperanças de voltar para Katmandu de helicóptero. Não havia helicópteros disponíveis. Mas ainda tínhamos 2 opções: ou caminhávamos 2h30 por um caminho seguro, ou caminhávamos 30 minutos numa trilha menos segura e chegaríamos ao outro lado do deslizamento. Deixei o Zeca escolher, pois pra mim era tranquila qualquer escolha. Ele escolheu a caminhada de meia hora e se arrependeu amargamente.

Contrataram os carregadores e, acreditem! Eram duas jovens indianas! Elas ajeitaram nossas bagagens às costas, à moda indiana, com uma faixa que saía da cabeça até a base das bagagens. Vergonhoso, mas eu não ia carregar meus 20kg por uma hora e meia.


Jovens carregadoras de bagagens


A diferença entre a limpeza e cuidado do lado Tibetano (China!) com a sujeira e descuido do lado nepalês é gritante. Como água branca e água preta.

Começamos a caminhada por uma trilha no meio da mata e o Zeca já começou a dar sinais de que a coisa seria difícil para ele. Com menos de 15 minutos de caminhada já tínhamos feito a primeira parada. Após uns 40 minutos estávamos caminhando na lama, na encosta provocada pelo deslizamento. A encosta tinha uns 500m de altura e aquilo foi realmente perigoso, pois a qualquer momento poderia ocorrer um novo deslizamento. Loucura passada não é loucura. E o Zeca morrendo.

No fim deu tudo certo e encontramos o carro que nos levou de volta a Katmandu mortos, mas salvos.

Pernoitamos em Katmandu e no dia seguinte pegamos o voo que nos levou ao Butão.


Butão


Chegamos a Paro, cidade/aeroporto, a tempo de almoçar, sob uma chuva torrencial.

O aeroporto de Paro é mesmo emocionante. O piloto faz a aproximação da pista entre as montanhas e ainda tem que fazer uma curva em cima da cabeceira da pista. Só que. Já pouso em Carajás, no Pará, sabe o que é isso.

De Paro fomos de carro para Thimphu, a capital de 40.000 habitantes. Parece um país de brinquedo com rei, rainha e tudo mais.

É um país parado no tempo, com direito a internet, tv hd e tudo mais. As pessoas ainda se vestem à moda tradicional. Os homens vestem vestido (me aguardem no carnaval do Recife ano que vem) e as mulheres sais longas.


Trajes típicos do Butão


Além de se chamar Butão os habitantes adoram o pinto (penis) que eles consideram protetor. Eu, heim? Se a bicharada descobre, a população aqui vai aumentar com imigração desenfreada.

De Thymphu fomos para Punacha onde a atividade mais legal foi um raftting legal num rio de velocidade impressionante. Até trouxe a GoPro para gravar isso, mas o Matheus deixou a memória carregada e não gravei mais que o início da explicação do guia. Não era para ter registrado. Mas estou morto de tanto remar. Uma hora puxada!

E tome templos budistas!

De Thymphu viemos para Paro novamente. E tome mais templo budista. Amanhã faremos um trekking até um lugar chamado tiger's nest. 2h30m de caminhada montanha acima. Se sobreviver, conto depois.