Tradutor

domingo, 28 de junho de 2015

Sri Lanka - Junho de 2015

Textos, fotos e vídeos de Cefas Siqueira

Chegar ao Sri Lanka foi como voltar à infância, quando lia nos livros emprestados sobre um lugar distante chamado Ceilão. Distante e impensável naquela época. Me lembro bem que a coleção se chamava "O Mundo Pitoresco" e trazia informações sobre os costumes do povo e desenhos das vestimentas tradicionais, dos animais e de plantas curiosas.

Muita coisa mudou de lá para cá,  mas muita coisa permaneceu igual. 

O País é uma ilha não muito grande ao sul da Índia, e já foi cobiçado por muita gente. Os últimos usurpadores foram os ingleses, que permaneceram aqui como colonizadores até 1947, o ano da independência. Antes deles portugueses, alemães e indianos também já tinham tentado se impor aos nativos.

A vegetação é exuberante em todo o país e, no princípio, tudo era coberto por florestas que eles aqui separam em duas: a selva e a floresta comum. É impressionante como eles conseguem conviver com a floresta. Em alguns locais as casas são construídas em meio às árvores o que as protege do calor nas regiões mais quentes.
Tão pequena e tão diversa em relevo é a ilha, que em poucos quilômetros se pode chegar a montanhas elevadas, a mais alta com 2.900m acima do nível do mar, onde se cultiva intensamente o que eles denominam de "o melhor chá do mundo". A temperatura nesta região é úmida e fria e foi o local preferencialmente escolhido pelos ingleses para implantar seu modo de vida.
Mulheres em dia de cerimônia Hindu

A cultura é uma mistura das culturas indiana, inglesa e singalesa. Tem de tudo. Para terem uma ideia da diversidade cultural, o esporte nacional é o chatíssimo críquete, que os ingleses trouxeram.

Mas vamos por partes, Jackie.

Cheguei ao Sri Lanka por Colombo, a capital. É uma cidade de tamanho médio e tem no seu porto uma das principais riquezas da economia. Este porto foi a causa das disputas e tentativas estrangeiras de dominar a terra. E é um importante ponto de parada e reabastecimento das frotas de navios que transitam entre a Ásia e o ocidente.

Percebi na arquitetura uma tendência ainda não muito agressiva de modernização. Com poucos prédios altos e de aparência mais moderna, mas com alguns exemplares do período de colônia inglesa, a cidade ainda é basicamente horizontal.
Região Central da cidade de Colombo - Sri Lanka

Estive hospedado duas vezes lá, uma vez num hotel de praia e outra vez num hotel de rede mundial. O hotel da praia parecia muito com uma pousada qualquer numa praia brasileira.  

As construções do interior do país lembram muito as construções do interior do Brasil.

Pela primeira vez nestas minhas viagens exóticas fui convidado para ir a uma casa comum. Meu motorista me chamou para almoçar em sua casa e conhecer sua família. Eles moram perto da capital e passaríamos por lá de qualquer maneira. Na saída de Colombo passamos pela feira de peixes e Cuma, o motorista, me perguntou do que eu mais gostava ali. Muitos prawns, asas de arraia, tubarões, atuns, caranguejos e lulas. Disse a ele que daquilo tudo gostava mais de lula.
Produtos marinho no mercado de peixes de Colombo

Quando chegamos na casa dele a mulher já nos esperava com a comida pronta e a lula foi feita na hora. A comida foi servida só para mim, eles não comeram junto. Tava muito gostosa, mas a pimenta aqui é foda! Até o abacaxi da sobremesa ardia. Comi com as mãos, à moda deles. Aliás repeti isso muitas outras vezes.
Obrigado Cuma!

Pra falar de comida diferente, vou falar só que eles comem jaca verde cozida com molho picante, muito sem graça. Não vou dizer que parece chuchu, porque de chuchu eu gosto. Tem chuchu aqui também, e comi.

Jaca verde 

A cerveja aqui também é cara, nunca inferior a R$ 10. Nunca mais vou reclamar do preço da cerveja brasileira, e, da próxima vez que viajar, levo um carregamento junto. A cerveja mais comum chama-se Lion, e é uma lager de respeito.

Estive num orfanato de elefantes chamado Pinnawala, onde eles cuidam de elefantes abandonados. São cerca de 80 animais, na maioria filhotes. Chegamos no orfanato bem na hora em que os elefantes eram levados para o banho de rio. Tudo programado pela instituição para alegria dos turistas. Interessante.
Hora do banho no orfanato de elefantes Pinnawala

Ainda existem elefantes e outros animais selvagens aqui. São muitos os parques e reservas de proteção natural espalhados pela ilha.

Estive numa impressionante fortaleza construída nas alturas chamada Lion Rock. Uma obra prima de construção e transporte de água para cima da montanha, com afrescos belíssimos pintados numa caverna. Construído pelo rei do período, a obra data do século V (A.D.). Lá fui eu subir 1.202 degraus pra chegar nas alturas, mas valeu a pena. Meu guia era um velhinho chato de 62 anos, que subiu junto. Parecia com um amigo meu. No alto da montanha estão as ruínas do que foi uma fortaleza onde o rei passava parte do ano (6 meses segundo o guia) rodeado por suas concubinas. Mais um patrimônio cultural da humanidade (Unesco-1985). A cidade mais próxima chama-se Sigiriya, onde fiquei hospedado.
Lion Rock

Outro local espetacular, e lá fui eu escada acima, foi o Golden Rock Temple,  próximo à cidade de Matale.
Construído no Século I A.C., o templo foi construído em cavernas com afrescos espetaculares pintados nos tetos, e contam a mitologia relacionada ao Budhismo e as histórias das vidas anteriores de Budha.
Imagem de Buda deitado no Golden Rock Temple

Kandy foi a cidade mais bonita que visitei. Limpa e arejada, a cidade destoa do restante do país pela beleza dos prédios e a urbanidade dos habitantes. Ali fui a um outro templo budista chamado Templo da Relíquia, referência a uma estupa em ouro guardada em seu interior.
Centro de Kandy

Em Kandy fui a um espetáculo de dança tradicional baseada nos sons de diferentes tambores e em cânticos de agradecimento pelas colheitas. Pensem num espetáculo primitivo e tosco, num teatro pobre e com poucos recursos, mas que sobrevive às dificuldades com garra. Às vezes o espetáculo me lembrou macumba, outras vezes carnaval, carimbó e outras coisas brasileiras. Esforçados, os bailarinos, bailarinas e músicos se esmeram em piruetas, cânticos, engolimento de fogo e...
...De repente a magia é quebrada pelo aparecimento de um pato que atravessa todo o teatro bem diante do palco, com seu rebolado e falta de pressa típicos.
Passado o pato presenciei a segunda mais bizarra cena de toda esta  viagem.
Ao fim dos espetáculo os artistas se despedem, pedem aplausos, a plateia se prepara para deixar o teatro e, de repente, entram em cena dois ajudantes carregando uma placa de metal de uns 2 metros de comprimento por 50cm de largura cheia de brasas e fogo! Colocam no chão, jogam mais álcool nas brasas, o fogo é atiçado e 2 dos bailarinos caminham DESCALÇOS sobre as brasas. Incrível! A plateia fica entre embasbacada e horrorizada.

Em Kandy fui ao barbeiro só para receber a massagem na cabeça. Sempre falei pra vocês sobre esta prática, mas nunca pude mostrar. Desta vez gravei pra vocês verem.

Saindo de Kandy fui levado para um daqueles "esfola turistas" que rola nestas viagens. Foi numa fazenda de ervas e especiarias chamada Old Village Spice and Herbal Garden, não esqueçam este nome caso queiram ir lá algum dia. A visita começa com explicações sobre as especiarias e o uso medicinal que se pode dar a elas e sobre seus poderes milagrosos. Aos poucos você vai percebendo que caiu numa cilada. E o clima só vai piorando. 
Eu, cada vez mais irritado com o palavrório do explicador, não via a hora daquilo terminar. Recebi uma massagem "gratuita" que não solicitei, mas depois tive que dar uma gorjeta ao massagista. Pensam que acabou? Não! O explicador continuava propagandeando as qualidades milagrosas das especiarias e pumba! Lá estava eu dentro da lojinha, com a pressão intensa do sujeito para que eu comprasse alguma coisa. O constrangimento foi tanto que cedi e comprei um óleo, que nem sei se vou usar, por uma pequena fortuna. Quando o cara me disse o preço quase voei no pescoço dele. Fela da égua! Ainda saiu me pedindo uma gorjeta pelo explicatório. Mandei ele se fuder no meu afiado e excelente portuglish.

Além dessa roubada quase fui metido em outra. Depois de termos passado por 2 ou 3 grandes cachoeiras na subida da região montanhosa chegamos à cidade de Nuwara Eliya, cujo maior atrativo é se parecer com uma velha cidade inglesa. 
No geral os hotéis onde me hospedaram durante esta parte da viagem foram muito bons, até chegarmos ao hotel Seven Heaven nesta cidade. Só passei da porta para ter certeza de que não ficaria ali. 
O hotel estava em reforma, imundo e, tenho certeza, ninguém estava hospedado naquele lugar. Disse que não ficaria lá e que a agência se virasse para arranjar outro. Depois visitar 3 hotéis resolvi aceitar a hospedagem num clube inglês, que também é hotel, chamado Hill Club. 
Pensem numa coisa antiquada e decadente, tipicamente inglesa. Era assim o hotel. O hotel/clube é uma sociedade inglesa de golfe. São 2 ambientes para tudo: um formal e um casual (para pessoas comuns). No restaurante formal, por exemplo, você só pode entrar de terno e gravata. Me perguntaram se eu queira um costume emprestado para o jantar. 
Tudo decadente e velhíssimo e cheio de histórias, fedendo a mofo. Lugares especiais tem plaquinhas contando a sua história, como nas casas londrinas que foram habitadas por personalidades. O quarto em que fiquei tinha uma placa na porta contando que ali, em mil e novecentos e tarará, a esposa de um sócio deu à luz inesperadamente a uma menina, enquanto estavam hospedados. 
Hill Club - Nuwara Eliya

Muito, muito frio o lugar. Quando voltei ao quarto para dormir minha cama estava com o edredom arrumado. Fui tirar a roupa que tinha deixado sobre a cama e me surpreendi com uma bolsa de água quente estrategicamente colocada sob o edredom. Luxo e decadência. No café da manhã fui servido por um maître de luvas e tudo. Comprei uma caneca de cerveja em porcelana para me lembrar dessa história. Há males que vem pra bem mesmo!

Por fim vou falar da coisa mais impressionante que vi nesta viagem toda. 
Em pleno Século XXI, mundo globalizado, selfies da roça à metrópole, celulares garantindo a conexão instantânea, a música eletrônica bombando, chatice generalizada, o bizarro cultural e religioso ainda persiste. No caminho para Kandy, numa rodovia movimentada, de repente o inusitado aparece na minha frente. Tratores enfeitados com flores e fitas coloridas, gente vestida para festa, mulheres com flores nos cabelos, homens com as melhores roupas, música executada por uma banda com instrumentos típicos, jovens agarrados ao celular, carros parados de qualquer jeito e o choque cultural se materializou para mim: rapazes suspensos por cordames amarrados em anzóis enfiados em seus corpos. Espetáculo inesquecível. Senti todas as dores por eles, mas não deixei de registrar o que vi, na memória e em fotografias. Além dos que já estavam dependurados, outros aguardavam sua vez, já com os anzóis enfiados em seus corpos.
A quantidade de anzóis variava de um para outro. 
Não satisfeitos em estar pendurados, alguns se balançavam para demonstrar ainda mais coragem e fé. Mas que devia doer, devia. Antes de ser pendurado o jovem entrava em meditação profunda para aguentar o peso inicial no momento da dependura. Vi ocidentais desmaiando diante da cena, enquanto as famílias encaravam aquilo tudo com uma naturalidade desconcertante e encorajavam seus meninos que participavam do ritual. Nem meu motorista quis olhar. Encarei sozinho. 
Hindu of Wheels

Este ritual é uma demonstração de coragem e fé nos deuses hindus e é chamado de Hindu Of Wheels, porque acontece durante a peregrinação pela estrada até o templo. Não encontrei informações sobre isso na internet, mas conversei com algumas pessoas que me disseram tratar-se de cerimônia comum nos interiores daqui.

Agora tenho comigo mais marcas para carregar pelo resto de meus tempos.

Fotos e vídeos só quando eu voltar pra casa. Paciência!

Foi assim que foi. Até a próxima!

Caso queira ver mais fotos do Sri Lanka, clique aqui

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Indonésia - Junho de 2015

Texto e fotos de Cefas Siqueira

Chegar ao aeroporto de Jakarta, na Indonésia, vindo de Cingapura, é um choque. É a volta ao terceiro mundo, quase quarto. O aeroporto é simples e já não se encontram pessoas que falem o Inglês com fluência.  A confusão  começou já na imigração, quando o funcionário me informava que eu precisava de visto para entrar no país. Como assim? Fiquei se entender e ele menos ainda, até que veio alguém e me informou que eu precisava pagar por um visto na chegada, Ufa! Menos mal. Fui lá e paguei a taxa e tudo se resolveu. Saí da área de desembarque para ir até o novo local de embarque para Yogyakarta, uma cidade em Central Java, e... Ir para aonde? Fiquei rodando que nem galinha tonta até descobrir que tinha que mudar de terminal. Consegui chegar ao novo terminal a tempo de pegar o voo.  Como na Índia, aqui as pessoas também se sentam no chão do aeroporto à espera da hora de embarque.

Aparentemente viver na Indonésia também não é muito barato. Uma Heineken vale R$ 8. Já está mais em conta.

As pessoas não são muito altas, média tipo 1,50m. Estou enorme e forte. Aliás, aqui tudo é pequeno, os ônibus, os caminhões, as charretes... Já as estradas são estreitinhas, com exceção de Jakarta com suas auto-estradas. Não sei se foram construídas estreitas porque os carros são pequeninos ou se os carros foram projetados pequeninos para caberem nas estradas.
Meu destino foi a cidade de Magelang, em Java Central, a maior ilha do arquipélago indonésio, a mesma ilha onde fica a capital Jakarta.
Estudantes em dia de treino do inglês com estrangeiros

Enquanto tentamos desestimular a captura e o comércio de animais silvestres, aqui existe um movimentado mercado de pássaros. Imaginem um lugar onde se pode comprar de tudo para manter um animal em casa, de gaiolas dos mais variados modelos a alimentos vivos como grilos, baratas, larvas e tudo o mais que você precisar. 
Mercado de pássaros - Yogyakarta - Indonésia

Além dos pássaros vendem também pequenos animais como coelhos, cães e gatos. O mais curioso foi ver os geckos, as lagartixas daqui. Elas são gorduchas e meio cabeçudas. Tem os dentes cheios de bactérias e, por isso,  podem transmitir diversas doenças. Quase ia esquecendo do mais curioso: lá se pode comprar também morcegos. Acreditam? Alguém aí quer ter um morcego de estimação? Perguntei sobre o que fazem com os morcegos e me disseram alguma coisa sobre curar diabetes. Mas tem que comer os bichos. Alguém se habilita? Não entendi direito. 
Morcegos à venda no mercado de pássaros

Magelang é próxima de Yogyakarta, a quarta maior cidade da Indonésia. As ruas do comércio das duas cidades são lotadas de gente, carros, charretes e motos o tempo inteiro, inclusive domingo.
É muita moto na rua, quase igual à loucura que é no Vietnã.

O templo Prambanam em Yogyakarta foi o primeiro que visitei. É um templo Hindu bastante diferente dos que conheci até agora. Trata-se do maior  complexo de templos da Indonésia e lembram bastante os templos de Kajooraho, na Índia, sem os relevos do Kama Sutra. São simples e bonitos.
Complexo de Templos Prambanam

Fui também ao templo Sambisari. Um pequeno e belo templo constuído abaixo do nível do solo ao redor. Dá a impressão de que afundou, mas acredita-se que ele e todo o terreno tenha sido soterrado por cinzas lançadas pelo Vulcão Merapi. 

Templo Sambisari

Falando no vulcão Merapi, só pude vê-lo uma vez, e da janela do meu quarto de hotel, de manhãzinha. A serração aqui é constante em junho. Estive na base do vulcão, fiz uma caminhada nos montes a redor dele, mas nada de avistá-lo. A única coisa que vi foram resquícios da última grande erupção, em 2010, que provocou grandes estragos.

Fiquei hospedado em Magelang, e é lá que fica o templo de Borobudur, um dos mais famosos templos budistas do mundo. Trata-se na verdade de uma grande estupa, o símbolo máximo do budismo, assim como a cruz é para o catolicismo. Uma estupa é o lugar onde se colocam as cinzas dos mortos, pois foi numa estupa que foram colocadas as cinzas de Buda. É considerado patrimônio cultural da humanidade pela Unesco, assim como o complexo de Prambanam.
Templo de Borobudur

Um dos lugares mais interessantes em que estive foi o complexo de banhos do sultão, o Taman Sari. Neste conjunto de piscinas as 48 concubinas do sultão tomavam banho, enquanto o sultão espiava de uma janela no alto e escolhia a parceira do dia, ou da noite. Sultão esperto.
Complexo de Banhos do Sultão

Próximo ao complexo de banho do sultão existe um emaranhado de ruas e túneis de arquitetura ímpar. Ao centro do complexo de galerias existem escadas que se interligam e que lembram muito um desenho de Esher, algo sem fim. Dizem que ali já existiu uma mesquita. O nome do lugar é Taman Sari.
Eu, no Taman Sari

Fiz uma viagem frustrada até o Dieng Plateau, onde dizem haver um templo, uma lagoa colorida e águas quentes. Frustrada porque depois de 3 horas de estrada e faltando apenas 5 quilômetros pra chegar impediram a passagem do carro por causa de um deslizamento de terra que bloqueou a estrada.  Voltei para paraYogyakarta e fui para o mercado popular. Fica pra próxima.

Participei de um rafting no rio Elo, bem tranquilo, nível para iniciantes. Quase perdi minha GoPro. A bicha desprendeu do capacete e caiu no rio, mas consegui pegar antes que afundasse. Mesmo assim foi legal.
Estive um dia em Jakarta. A cidade se parece com qualquer cidade grande do mundo. Deve ser grande inclusive nos problemas. Os mais aparentes são o trânsito insuportável e a poluição do ar, idem. A arquitetura é moderna e os arranha-céus estão por toda a cidade. Dispensável para mim.
Jakarta

Foi assim minha experiência na Ilha de Java, Indonésia.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Cingapura - Junho de 2015

Nem sei por onde começar, de tão embasbacado que estou.

Cingapura, uma das últimas cidades-estado que ainda resistem no mundo, é surpreendente sob muitos aspectos.

Eu, que nem gosto de cidades grandes, me rendi a ela. Por quê? Porque é limpa, porque é funcional, porque é educada, porque é multicultural, porque é moderna e, nem precisava tanto, mas porque também é bonita! Sim, Cingapura é bela.
Skyline de Cingapura

São milhões de pessoas e alguns desses milhões são de pessoas muito gordas. Deve ser porque só comem macarrão. Quando tem arroz é sem tempero. Acho que o melhor uso que eles dão pro arroz é fazer dele macarrão. São muito educados e atenciosos e a língua geral é o inglês.

Neste mês de junho de 2015 Cingapura completou 50 anos de independência. Fiz uma foto, por puro acaso, em que aviões caça faziam um voo em formato de 50. Só percebi isso muito tempo depois de ter tirado a foto. 
Comemoração aos 50 anos de independência


A cidade é um delírio estético-visual-arquitetônico pós-moderno. Lembra, e muito, outras grandes cidades do planeta como Chicago, Nova Yorque e Londres. Com seus arranha-céus gigantes, pelos quais os locais têm um tremendo orgulho, percebe-se por toda a parte a ação do empreendedorismo humano. 

Um dos prédios que mais me emocionou foi o do Museu de Artes e Ciências. Com sua forma de palma divina (a de Budha) ou humana, a construção faz delirar as mentes mais comuns, como a minha, e nos redime por toda a mediocridade dos estúpidos. Não, não me perguntem o que isto quer dizer que nem eu mesmo sei.
Museu de Artes e Ciências

O resto são prédios e mais prédios de alturas diversas, competindo pelo direito de ser considerado o mais moderno. Nós, de Brasília, não nos curvamos diante destas alturas, porque as nossas são outras.

A cidade é uma ilha ao sul da península malaia e tem diversos braços de mar em suas entranhas, entre eles o chamado rio Cingapura, que deu nome ao lugar. 
Cingapura é, literalmente, a  cidade do leão. Um dos ícones locais é um animal mitológico, meio leão e meio peixe, chamado Merlion. Existe uma estátua enorme num lugar chamado Bayfront, que jorra água pela boca.
O Merlion - Símbolo de Cingapura

Talvez o maior monumento da atualidade seja o magnífico conjunto arquitetônico do Bayfront, que é composto pelo hotel que tem a mais alta piscina de borda infinita do mundo, o Marina Bay Sands; pelo espetacular jardim Gardens by the Bay e pelo shopping center Shoppes on The Bay. É um conjunto moderno e requintado. O prédio do hotel é composto por 3 torres encimadas e interligadas pelo o que parece ser uma grande prancha de surf em seu topo. É lá que fica a tal piscina.
Hotel Marina Bay Sands

Os jardins são algo absolutamente espetacular, composto de 2 estufas gigantescas. Numa funciona a Cloud Forest, que tem uma cachoeira artificial de uns 15 metros de altura e o arranjo de uma floresta úmida e na outra funciona o Flower Dome, também com jardins internos. Estas duas estruturas ganharam todos os prêmios de arquitetura do mundo.
Existem ainda no Jardim um conjunto de estruturas gigantes em aço, em formato de árvores, belíssimo, chamado Supertree Grove. Tem também um lago, e fontes e, ufa! Cansado!
Supertree grove - Gardens By The Bay

Cingapura me fez refletir o tempo todo sobre quanto dinheiro há no mundo e, quando bem empregado, os resultados que isso pode ter.

Existe aqui uma ilha chamada Sentosa, colada na ilha mãe, e que o dinheiro e a criatividade transformaram num complexo de diversão com quilos de Resorts, restaurantes e uma filial do parque Universal Studios, além de praias. Quer mais? Vem que tem. Tem um enorme aquário marinho e um parque aquático com shows de golfinhos e essas bobagens. Não curti muito.
Ilha de Sentosa

Tudo aqui é muito tecnológico, os caras não estão pra brincadeira. Se dependesse deles o mundo seria cingaporês.

Tem também os bairros tradicionais como Chinatown, Little India e Clarke Quay. O Chinatown daqui é uma prova de que tudo pode ser organizado. O Little India é menorzinho, mas também é charmoso. Os restaurantes desse 2 bairros são dos melhores da cidade. O Clarke Quay é a área de cais que foi revitalizada e hoje é um ponto de visita obrigatório para a turistada.
Chinatown

Little India


Clarke Quay

O sistema de transportes urbanos é algo inimaginável, tudo funciona, ônibus, metrô e trem se interligam permitindo total mobilidade pela ilha.

Com exceção da comida achei tudo muito caro na cidade. Minha medida tem sido o preço da cerveja. Imaginem-se pagando R$ 30 por uma Heineken? Um roubo!

Deixei para falar por último sobre o que mais me encantou aqui: o Jardim Botânico. Não tem outras palavras que melhor descrevam o local  do que Espetacular, Maravilhoso e Fantástico. Todo o jardim merece os adjetivos, mas o Jardim de Orquídeas é de calar a boca. Nunca estive em outro lugar igual. A pouca diversidade de espécies em exposição é amplamente superada pelo desenho primoroso do ambiente e pela exuberância das milhares de plantas floridas. TOP! Ainda não me recuperei do choque. 
Jardim de Orquídeas do Jardim Botânico de Cingapura

Este talvez seja meu maior prêmio em atravessar a terra para estar aqui.

A cidade não para e daqui a pouco terá que comprar terrenos nas vizinhas Malásia e Indonésia para expansão urbana.

Até outra!

sábado, 13 de junho de 2015

Malásia - Junho de 2015

Kuala Lumpur, capital da Malásia, tem cerca de 7 milhões de habitantes na região metropolitana.  O povo é cortês, e quase todo mundo fala o Inglês. A comunicação é bastante tranquila. Todos tentam te ajudar, sempre.

Os malaios se tornaram independentes do domínio britânico muito recentemente, em 1957.

Mesquita

A cidade é recortada por um rio que eles chamam "Rio da Vida". Ele é Todo canalizado, mas achei muito baixas as bordas dos canais. É muito provável que tenham enchentes na época das monsões.


O sistema de transportes urbanos me pareceu bastante eficaz e eles podem contar com metrô, monotrilhos, trens comuns e, é claro, ônibus. 


O deslocamento pela cidade é muito fácil. Fui a todos os lugares que quis por minha conta, usando os meios disponíveis. Cheguei a andar em trens cheios na hora do rush, mas, onde não é assim?

Riquixá de bicicleta em Melaca - Malásia (Frozen!)

O trem que leva para o aeroporto internacional de Kuala Lumpur é extremamente confortável, além ser de alta velocidade. O preço é menos da metade do que cobraria um taxi.


A poluição do ar foi uma das coisas que mais me chamou a atenção. Estamos no verão deles aqui e, seja lá que horas for, o céu está sempre encoberto. Ainda bem, pois quando o sol aparece de vez o calor é insuportável. 

Estátua em Batu Cave (com Kuala Lumpur ao fundo)

Nunca pensei que eu pudesse feder tanto! Depois de uma semana, e comendo a comida condimentada local, aqui estou pensando em achar um jeito de manter o bodum sob controle. Mas todo mundo fede também! 


A comida malaia é muito parecida com a comida chinesa, muita fritura e os mesmos temperos azedos.


Alguém já ouviu falar em goiaba verde? Eles tem aqui e é muito usada "in natura" e em sucos. É muito gostosa. Também se consome muito abacaxi, mas o daqui é ruim, seco e sem açúcar.


A religião da maioria é a muçulmana. Fácil de perceber nas ruas pelas mulheres com os véus na cabeça. Aliás acho que quando elas são bonitas ficam ainda mais bonitas assim, sem qualquer adereço que as beneficie. Tem muito obeso aqui, acho que é porque eles começam o dia almoçando. Aquilo tudo não pode ser só o café da manhã.


A população é composta de chineses, indianos e indonésios. O bairro chinês é enorme e cheio de atrativos. Os restaurantes populares são um pouco arriscados, mas frequentei alguns. Sem resultados negativos.

Dia de casamento indiano

Fiquei num hotel Ibis, numa área um pouco afastada do centro. Nenhum problema, pois existe uma estação do metrô ao lado do hotel. Nunca estive num hotel com tanta gente hospedada. A hora do café da manhã é uma loucura! E como comem!


Os malaios são fissurados em arquitetura. Eles levam a coisa a sério. Tão a sério, que o símbolo maior daqui são as torres Petronas, mesmo que elas tenham perdido o posto de "prédios mais altos do mundo". São dezenas de construções ultra modernas para todos os gostos. A impressão que tive foi que os prédios tem zilhões de apartamentos minúsculos. Não pude comprovar isso.

Torres Petronas - Kuala Lumpur

São uns bichos construtores. São loucos por túneis e viadutos. Eles estão espalhados pela cidade.


Um dos materiais de maior predileção nos acabamentos arquitetônicos é o aço inoxidável. Está em toda parte, inclusive nas Petronas Towers. Talvez tenham problemas com a oxidação dos metais.


Eles também gostam muito de shopping center. Tem de todo tipo e as lojas são as mesmas de sempre. Nada de novo.


Estive numa outra cidade chamada Melaca, ou Malaca, declarada patrimônio cultural da humanidade pela herança arquitetônica deixada ali por portugueses, alemães e ingleses. Os portugueses foram os primeiros a chegar e tem resquícios deles no Portal de Santiago, que fazia parte de um forte construído em 1511. O Brasil tava engatinhando.

Portal de Santiago - Melaca - Malásia

 Se quiser ver mais fotos da Malásia, clique aqui