Texto e fotos de Cefas Siqueira
Yangon
Yangon, ou Rangoon, é a maior cidade do Myanmar, e parece uma cidade média brasileira. Grande parte dos edifícios são contemporâneos, mas ainda estão preservados muitos edifícios tradicionais. O ponto principal de interesse é o templo Shwedagon. Um impressionante pagode com uma stupa espetacular no centro dos templos. Tudo folheado a ouro, uma coisa esplêndida.
Templo Shwedagon |
Aqui também tem muita água por todo lado, e a cultura é muito ligada a este fato. A comida, as construções, a vida comum cotidiana. A cidade é banhada por um rio imenso chamado Yangon, por onde navegam navios de grande calado. Existem também navios táxi, como em Bangkok, na Tailândia.
Existem grandes shopping centers, bem ao estilo ocidental, mas tudo muito sem graça. O bom mesmo é se perder pelos labirintos dos mercados comuns, dos mercados tradicionais, e apreciar o tipo de vida que a população leva.
Em Yangon, passei minha única dificuldade da viagem. A máquina do ATM do hotel engoliu o meu cartão de crédito na noite anterior à minha partida. Foi uma confusão, mas o fato de eu ter falado grosso com o pessoal do hotel fez com que eles conseguissem que o banco enviasse um técnico até o hotel no outro dia bem cedinho, antes de ou sair para o aeroporto, retirasse o meu cartão de dentro da máquina e me devolvesse. O funcionários do hotel foram craques no socorro a mim.
Vestido à birmanesa |
Bagan
Quando cheguei em Bagan, tive a impressão de estar chegando em São Jorge, na Chapada dos Veadeiros, no Planalto Central brasileiro. A primeira coisa com a qual me deparei foi com um carro de boi no meio da rua, carregando capim.
Carro de bois em Bagan |
Existem duas Bagans: uma New Bagan e outra Old Bagan. A cidade e os templos dos arredores são considerados patrimônios culturais da Humanidade pela Unesco, em razão das centenas de templos que foram construídos em várias épocas de vários reinados. Os templos hoje estão abandonados no meio do mato, mas alguns estão sendo recuperados.
Estupa em restauração |
Maior templo de Bagan |
Em compensação, vivi uma das experiências mais malucas da minha vida. No primeiro dia na cidade resolvi alugar um uma bicicleta comum pra poder ir ver os templos. Mas me arrependi, porque os templos são muito distantes uns dos outros e a pedalada ficou muito cansativa. Principalmente no calor derretente de lá.
Parênteses (O calor que faz em Bagan beira o insuportável. Olha que eu já trabalhei em Imperatriz no Maranhão, em Marabá no Pará, em Cuiabá no Mato Grosso, mas nada, nada se compara ao calor que faz em Bagan. As cidades brasileiras parecem ser as sucursais do inferno. Bagan parece ser o próprio inferno.) Fecha parêntesis.
No meu passeio na bicicleta já percebi alguns locais arenosos, com grande risco para Cefas, que não tem a menor intimidade com duas rodas.
No segundo dia, resolvi alugar uma bicicleta elétrica. Isso quer dizer uma motinha.
Cheguei no cara que alugava cheio de coragem, e disse que queria alugar uma bicicleta elétrica. Ele me perguntou se eu sabia andar naquele troço, e eu disse que não, mas que podia testar primeiro antes de ir pro mato naquela porra. Dei uma meia volta por ali cheio de desconfiança na cabeça e pá! resolvi alugar. Motinha alugada, lá vou eu em direção aos templos. Tudo bem, tudo tranquilo, primeiro tempo legal, pista de terra batida de cascalho e o medo louco de cair daquela monstra e dar de cara no chão.
Comecei a chamá-la de cabrita, ou besta, dada a sua condição de animal absolutamente voluntarioso.
A bichinha era muito mal educada. Existe um problema de incompatibilidade de gênios entre mim e os seres de duas rodas. Toda vez que eu pensava que ia parar a filha da égua, ela fazia era acelerar mais, e aquilo me deixava maluco. Quanta descoordenação!
Parece coisa de doido, parece que a gente não sabe lidar com os trem. Eu tentando dominar a situação e ela me lavando pra onde queria.
Me sentia o tempo todo prestes a ser enfiado mato adentro. Era uma luta, mas ainda não estava muito complicado.
De repente cheguei num lugar que era pura areia. Aí desandou tudo.
O que já era um relacionamento difícil, ficou insuportável. Era eu querendo ir para um lado e ela querendo ir para outro. Ô bicha encapetada! Só lembrava do Geraldinho e a bicicleta. Era a mesma coisa.
Ô trem cheio de vontade própria. Mas perrengando daqui, perrengando dali, consegui passar o dia sem levar nenhum tombo, apesar das vezes que eu quase, quase, quase fui parar no chão, eu consegui ficar em pé. Venci a besta. Experiência traumática. Mas atendeu aos objetivos. Cheguei no hotel pra devolver a cabrita e tinha os pés cheios de areia, sujos de todas as vezes que eu tive que enfiar o pé na terra pra poder segurar a safada. Depois disso, podem me chamar pra trepar em qualquer touro, qualquer cavalo xucro, que eu estou dentro.
Inle Lake
Inle Lake é o segundo maior lago do Myanmar. Chega-se de avião numa cidade chamada Heho, e depois tem que pegar um carro e andar mais uma hora e meia até chegar ao hotel. Dependendo da localização do hotel é preciso pegar barco para chegar.
É um lugar romântico demais pra ir sozinho, mas eu não sabia, e tava lá.
Fiquei num hotel em cima do Lago, um resort espetacular. Mas tudo muito, muito caro. Tudo em dólar americano. É claro que o brasileiro cheio de jeito pra tudo descobriu rapidinho o melhor lugar pra compra cerveja a mais barata, a melhor comida local, e aí eu fui curtindo os dias que passei lá.
Tudo em Inle Lake é sobre a água. O mercado é flutuante, as casas, os templos, as stupas, tudo é dentro do lago. É muito bonito.
Inle Lake |
Aluguei um barco no hotel e passei o dia inteiro andando pelo lago. Daí pude perceber um pouco da vida local, de como funcionam as coisas.
É claro que os guias querem sempre te levar pra algum lugar onde você possa comprar alguma coisa, e isso é muito chato. Acabei conseguindo neutralizar um pouco esse comportamento, dizendo que não queria comprar absolutamente nada.
Tive oportunidade de ver o mercado aonde as mulheres do pescoço comprido do Myanmar vendem seus produtos. Elas são excelentes tecelãs e tem uma lojinha no Inle Lake. As mulheres são de uma simpatia enorme. E são belas também.
Mulher do pescoço comprido |
Até nadei no Inle Lake. Pedi ao barqueiro que parasse no meio do lago e pulei na água. Foi massa!
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