Texto e fotos de Cefas Siqueira
Cheguei em Addis Ababa na Etiópia depois de 11h00 de voo desde São Paulo. A primeira impressão foi a de que o aeroporto é igual a todos os outros. Não é muito moderno mas também não é dos piores. Mas, é só ir ao restaurante do lugar para descobrir que as coisas são bem caras. Uma cerveja long neck custa absurdos seis dólares, mas paguei por isso. Pedi um jantar e rezei para não ter nenhum problema durante o voo até minha primeira parada na Índia.
Em seguida continuei a viagem em direção a Deli, Dheradum e Rishikesh, meu destino final nessa primeira parte da viagem.
Rishikesh - Índia
Peguei uma diarreia cruel no voo de Addis Ababa para Delhi. Viu Catarina? Só pude fazer alguma coisa a respeito quando cheguei em Rishikesh. As pessoas todas tentando me ajudar a estancar a caganeira, mas foi um senhor, dono de um café muito legal, chamado Soul café, quem me ajudou. Normalmente não faço isso, mas ele me indicou um remédio, meu guia foi até a farmácia, comprou o tal remédio, tomei e deu um resultado espetacular. Parou no mesmo dia. Vou guardar o nome pra sempre. Valeu Velhinho!
Olhem só o avião que encarei de Delhi para Rishikesh. |
Quando cheguei a Rishikesh, Índia, primeiro destino, dormi mais de 10 dias pra compensar a viagem.
Rishikesh é uma cidade vegana, e aqui nem ovo tem pra compra, imagina cerveja, meu vício. Fiquei chateado.
Mas, em todo lugar aonde tudo é proibido, o proibido está disponível no mercado negro ou aonde só os locais sabem. E eles acabam nos levando à fonte.
Eles tem “liquor stores” em caminhões que ficam estrategicamente parados nas estradas fora da cidade. Mas tem também um hotel/restaurante fora dos limites da cidade que tem carne vermelha e peixe e frutos do mar do jeito que o cliente quiser. Jantei lá todos os dias.
Vista do rio Ganges do quarto do hotel |
Estive no que restou do antigo Ashram de Maharishi Mahesh, aonde Beatles vieram para aprender meditação transcendental.
O lugar é belíssimo, e hoje faz parte de um parque nacional. Está tudo em ruínas. Parece que o governo local tem a intenção de reformar, de revitalizar esse ambiente pra que ele se torne um centro cultural ou um centro de aprendizado de ioga e meditação.
Depois daqui os Beatles voltaram para a Inglaterra, produziram o Album Branco e se separaram pra sempre.
Eu e os Beatles |
Nunca vou meditar aqui. No Ashram as celas eram muito pequenas, parecidas com as solitárias das prisões. A pessoa entrava e se colocava em posição de meditação, na posição de lótus.
Há também cavernas meditação em Rishikesh.
Na mais famosa delas, um líder espiritual indiano passou mais de 40 inacreditáveis anos meditando. Pensa só isso, 40 anos depois a pessoa já não tem mais memória, já não tem mais história e já não tem mais futuro. A pessoa não será mais capaz de lidar com a realidade que encontrar quando sair. O que essa pessoa produziu pra humanidade? A comida e a bebida, quem cuidou de tudo isso? Este líder espiritual é idolatrado pelos indianos. Difícil de entender.
E há pessoas do mundo inteiro que vem aqui só pra meditar nessa caverna. Penso que a meditação é uma coisa que acontece naturalmente em qualquer lugar aonde a pessoa estiver, no habitat da pessoa. Não acredito que o lugar aonde o outro medita seja o lugar ideal para a sua meditação. Não creio que haja um lugar especial pra fazer meditação, mas sim condições ideais. Talvez o fato de estar numa caverna onde um líder religioso famoso tenho estado contribua para a liberação da capacidade de meditar, mas acho isso muito difícil.
Os moradores locais me veem como um alien, estão o tempo todo me assediando e pedindo para tirar fotos.
Me sinto completamente adaptado e desavergonhado na Índia. Arroto e peido em qualquer lugar.
Também aprendi a chupar e palitar os dentes. Evoluindo.
Estive em duas cerimônias do fogo. São muito bonitas, mas são menos grandiosas do que as cerimônias do fogo de Varanasi.
Caminhar pelas ruas é uma maravilha para o sentidos, principalmente para a visão e o olfato. São pessoas demais, riquichás demais, tuque-tuques demais e carros demais. Tudo em excesso, como é no geral em toda a Índia. As ruas são muito esburacadas e a poeira é muito grande, provocando uma baita poluição.
O rio Ganges é realmente limpo nesta região, mas não pude tomar banho nele porque estava um tempo meio feio e a correnteza é muito grande. É muito perigoso entrar na água e existem até correntes amarradas ao longo do rio para que as pessoas possam segurar. O risco de ser levado pelas águas é grande e eu não queria correr o risco de ser levado e ficar boiando rio abaixo.
Experimentei de novo o prazer de ir cortar o cabelo e a barba e receber uma massagem facial e na cabeça. Só quem já esteve na Índia sabe o tanto que é gostosa essa massagem.
Fiz uma caminhada muito legal pelas montanhas próximas do Hymalaia, bem no início da cordilheira, e me deparei com uma paisagem espetacular. Havia no caminho um jardim natural de orquídeas, de vandas. Meus amigos orquidófilos vão ficar morrendo de inveja, mas eu não coletei nenhum pedacinho pra levar de volta pra casa.
Fiz um grande amigo nessa parte da viagem. Meu guia, Dinesh, é um grande cara, uma pessoa muito, muito legal. A gente ainda vai se rever nesta vida, talvez no Brasil ou de volta aqui na Índia. Obrigado, Dinesh!
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